The cook

São Paulo
Planner, se é que isso diz alguma coisa...

domingo, 26 de agosto de 2007

Onde mora a sensibilidade humana?


Estou cansado de ouvir a expressão "É um tiro no pé!". Na verdade eu a odeio tanto que se um dia eu me pegar a usando vou me autoflagelar por 48 dias.

Ela é comumente usada como argumento de objeção pelo interlocutor que simplesmente não gostou de determinada afirmação ou idéia. "Não vai dar certo. É um tiro no pé!", asseguram confiantes os incrédulos.

Se quer discordar, tudo bem. Basta encontrar argumentos contundentes ao invés de se prender a uma expressão tão vaga.

Além do mais quem disse que um tiro no pé é algo ruim? E se eu dissesse que um tiro no pé motivou um conhecido meu a tirar sua bunda gorda do sofá para se recuperar e depois disso ele começou a ver a vida de outra forma e nunca mais foi o mesmo?

Tudo bem, isso não aconteceu. Mas acho que você já entendeu minha posição.

Onde quero chegar? Ao post do famoso planner Gareth Kay, em seu blog 'Brand New'.

O título do post é "Point gun at foot. Pull trigger".

Nele o planner afirma que a nova campanha da montadora de automóveis Kia - que foi ao ar nos EUA há algumas semanas - foi um tiro no pé. A campanha (que você pode ver aqui) gira em torno do conceito "Save the Greenbacks", e é uma paródia da comunicação de organizações de cunho ambiental como o Greenpeace. O anúncio mostra supostos ativistas salvando notas de dinheiro que estavam no mar, e pedindo que a audiência também salve a espécie. No caso a espécie é o papel-moeda, greenback em inglês.

A propaganda pode até ser polêmica, mas não compartilho da opinião de que ela seja um tiro no pé. Gareth Kay afirmou isso pois acredita que diante as recentes conversações globais sobre sustentabilidade e ambientalismo, fazer piada do tema certamente será prejudicial para a marca.

Eu não concordo.

Na verdade eu sempre achei as piadas politicamente incorretas as mais engraçadas. Se vamos tratar os consumidores como pessoas, vamos também supor que as pessoas geralmente não são tão burras a ponto de não saber distinguir algo sério de uma evidente brincadeira. Ninguém vai achar que a Kia está virando as costas para o meio-ambiente e abraçando os lucros a qualquer custo. Mesmo porque é sabido que os carros produzidos pela montadora coreana têm motores menos poluentes que a maioria daqueles produzidos por montadoras estadunidenses.

Pelo bem da liberdade criativa, defendo que a campanha apenas disse de maneira bem-humorada às pessoas: "Vá até uma concessionária Kia e salve o seu dinheiro. Estamos vendendo carros mais barato, com o melhor custo/benefício".

Acho inclusive que esse episódio serve para refletirmos na real importância do atual "discurso verde" na vida das pessoas. Será que a saturação de iniciativas nesse sentido não foi um dos motivos que levou a agência responsável pela campanha a brincar com o tema?

E digo mais. É bem possível que as pessoas tenham se sensibilizado bastante com a campanha. Afinal de contas muitos afirmam que a parte mais sensível do ser humano é o bolso, não é mesmo? ;)


* Banana e Manga *

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